IBJR – Instituto Brasileiro de Jogo Responsável

Mais da metade dos apostadores da região Sul declararam fazer apostas em plataformas ilegais

09 de julho de 2025

Mais da metade dos apostadores da região Sul declararam fazer apostas em plataformas ilegais

 

Segundo o Instituto Locomotiva 54% dos apostadores utilizaram sites clandestinos; perdas fiscais nacionais superam R$ 10,8 bilhões por ano

O mercado ilegal de apostas online no Brasil, formado por operadores não licenciados e que atuam à margem da recém-implementada regulamentação, representa um problema sério de bilhões de reais aos cofres públicos e uma armadilha para apostadores desinformados. É o que aponta o estudo inédito “Fora do Radar: Dimensionamento e impactos socioeconômicos do mercado ilegal de apostas no Brasil”, realizado pela consultoria LCA e apoiado pelo IBJR (Instituto Brasileiro de Jogo Responsável). Os dados são aprofundados pela pesquisa “Incidência de Apostas Ilegais no Brasil”, do Instituto Locomotiva, que mapeia o comportamento do apostador e revela a dificuldade que eles têm em identificar quais plataformas operam legalmente.

A Região Sul apresenta o menor índice de apostas em plataformas que operam à margem da regulamentação brasileira, mas ainda assim revela um cenário preocupante. De acordo com o levantamento do Instituto Locomotiva, 54% dos apostadores do Sul afirmam utilizar sites sem licença. O dado posiciona a região na última colocação do ranking nacional, atrás do Centro-Oeste (71%), Norte (66%), Nordeste (61%) e Sudeste (60%).

O número se torna ainda mais expressivo quando olhamos para as marcas ilegais estimuladas pela pesquisa, entre os apostadores locais do Sul, 69% relataram já ter feito apostas em ao menos um dos sites clandestinos disponíveis.

Realizada entre abril e maio de 2025 com 2 mil apostadores adultos, a pesquisa do Instituto Locomotiva serviu de base para o estudo econômico elaborado pela LCA. O levantamento estima que entre 41% e 51% do mercado brasileiro de apostas ainda esteja em ambiente não regulamentado. A atividade dessas plataformas irregulares gerou um impacto fiscal alarmante: entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,7 bilhões deixaram de ser arrecadados em apenas três meses – o que pode chegar a R$ 10,8 bilhões em um ano.

Para efeito de comparação, esse valor seria suficiente para pagar o salário anual de até 184 mil professores da educação básica ou a construção de até 41 mil casas do programa “Minha Casa, Minha Vida”.

“Os números são estarrecedores e demonstram a urgência de um combate efetivo ao mercado ilegal. Paradoxalmente, apenas cinco meses após ter pactuado as condições de operação no mercado com os operadores, o governo presenteia as ilegais com um aumento de carga tributária para os regulamentados. Isso traz uma quebra de confiança e enorme insegurança jurídica para o setor e para o Brasil. Todos acabam perdendo – os operadores mais sufocados com impostos, o apostador sem a proteção das regras do mercado formal e o governo, que com esse estímulo à ilegalidade, acabará prejudicando não só o mercado, mas também a própria arrecadação”, afirma Fernando Vieira, presidente executivo do IBJR.

A regulamentação do setor, em vigor desde 1º de janeiro de 2025, determina que apenas operadores licenciados podem atuar legalmente no país, com obrigações tributárias, normas operacionais e mecanismos de proteção ao apostador. Por serem concessionárias, as bets reguladas devem pagar R$ 30 milhões ao governo federal para operarem. Ainda assim, 61% dos entrevistados admitiram ter feito apostas em plataformas irregulares neste ano — muitas vezes, sem plena consciência dos riscos envolvidos.

Consumidor vulnerável

Dados do Instituto Locomotiva acendem um alerta sobre a dificuldade do consumidor em identificar quais plataformas operam legalmente:

  • 78% consideram difícil distinguir sites legais dos ilegais;
  • 72% afirmam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas;
  • 46% dos entrevistados já depositaram dinheiro em uma plataforma posteriormente identificada como falsa ou irregular.

Além disso, 3 em cada 4 apostadores afirmam ter utilizado pelo menos uma das principais plataformas ilegais mapeadas em 2025. A incidência é ainda maior em populações mais expostas ao mercado ilegal, sem as proteções instaladas pelas plataformas regulamentadas.

Ainda segundo a pesquisa da Locomotiva, as táticas utilizadas por operadores ilegais incluem o uso de nomes semelhantes aos de marcas legalizadas, mudanças frequentes de domínio e publicidade desregulada por meio de influenciadores digitais, com promessas enganosas de lucro fácil. Apesar dos esforços das autoridades — que já desativaram mais de 11 mil domínios irregulares — a atuação desses sites persiste, muitas vezes ancorada em servidores e domínios internacionais.

“A confusão do consumidor é explorada por esses operadores ilegais. Por isso, é fundamental manter campanhas educativas, reforçar a comunicação clara sobre os riscos e garantir que os órgãos reguladores atuem com firmeza na fiscalização e na punição exemplar dos infratores”, destaca Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

A pesquisa da Locomotiva também mostra que 87% dos apostadores defendem que o poder público atue de forma incisiva contra plataformas de apostas irregulares.

O IBJR tem promovido uma série de iniciativas para enfrentar essa realidade, como campanhas de conscientização sobre golpes e práticas ilegais, monitoramento da mídia que divulga sites não licenciados e ações voltadas à educação do consumidor.

Os dados representam mais do que um diagnóstico do setor. São um chamado urgente para uma ação coordenada entre autoridades, operadores licenciados e a sociedade civil, com o objetivo de proteger o cidadão, garantir a integridade do mercado e assegurar que os benefícios socioeconômicos das apostas regulamentadas cheguem à população brasileira.

Como saber se um site de apostas é seguro?

Ao apostar em uma plataforma online, a segurança deve ser prioridade. Existem pontos importantes que ajudam o consumidor a identificar se um site é confiável. Por exemplo, os sites autorizados pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA):

  • Devem obrigatoriamente utilizar o domínio “.bet.br”. Caso não utilize, a plataforma não está autorizada a operar no Brasil.
  • Adotam um sistema rígido de cadastro, que exige reconhecimento facial para impedir o acesso de menores de 18 anos. Além do envio de documentos e demais checagem que identifiquem o apostador.
  • Oferecem limites de perdas financeiras e tempo de jogo, além de mecanismos de IA para detectar comportamentos de risco do apostador e enviar alertas.
  • Somente permitem transações via PIX e débito da conta do titular do cadastro. Não aceitando cartões de crédito e nem criptomoedas
  • As plataformas oficiais oferecem mecanismos de auto exclusão para jogadores vulneráveis.

E caso haja dúvidas, os sites de apostas aprovados para operação no Brasil estão listados no site do Ministério da Fazenda.

Sobre o IBJR

O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) foi fundado em 2023 e reúne as principais empresas de apostas do Brasil e do mundo. Nossa missão é construir um ecossistema de apostas online íntegro, sustentável e responsável, sempre defendendo um mercado regulado.

Nossa atuação se baseia em dois pilares essenciais: o combate ao mercado ilegal e a promoção do jogo responsável. Acreditamos que uma regulamentação eficiente é fundamental para impulsionar o setor, fortalecer a economia e garantir segurança tanto para apostadores quanto para operadores. Por isso, trabalhamos ativamente para enfrentar as bets ilegais, que operam à margem da lei, prejudicam a indústria e colocam em risco toda a sociedade.

Para mais informações do IBJR, acesse: www.ibjr.org.br


 Sobre o Instituto Locomotiva

O Instituto Locomotiva trabalha para mostrar que existem pessoas e histórias por trás de cada número. Olhamos a fundo para a população que vive, consome e sonha no Brasil, para que nossos números tenham história e identidade. Com isso, transformamos resultados de pesquisas em conhecimento e estratégia, ampliando as possibilidades de empresas, instituições e organizações, contribuindo para a construção de identidade entre elas e seus públicos e gerando indicadores capazes de fomentar o debate público. Nosso trabalho é sermos porta-vozes da população e um farol para os dados que realmente importam.